Entre no
nosso grupo!
WhatsApp
  RSS
  Whatsapp
Gustavo Almeida

Opinião | Bom de expectativas, Rafael ainda não foi além do feijão com arroz

Gestão tem serviços funcionando, estradas bem conservadas e outros pontos positivos, mas os grandes resultados, arrojados, não chegaram.

O governador Rafael Fonteles (PT) assumiu o Governo do Piauí em janeiro de 2023 gerando muitas expectativas de renovação política e de resultados grandiosos, arrojados. Embora Fonteles seja membro de um grupo político que está no poder há mais de duas décadas no governo estadual, muita gente encarou o início do seu governo como o começo de uma nova era na política piauiense.

Governador Rafael Fonteles (Foto: Thiago Amaral/Alepi)

O quesito renovação ele conseguiu demonstrar sob alguns aspectos, a começar pela escolha da equipe. Mesmo tendo políticos tradicionais em seu secretariado, em várias pastas ele apostou em nomes novos, de fora da arena eleitoral. Não loteou o governo tão somente com o critério político, como fizeram seus antecessores (e aliados). Em termos de montagem de equipe foi um acerto. Sobre os resultados desses novos rostos, é preciso uma análise aprofundada.

Já no quesito entregas/resultados grandiosos, Rafael, até aqui, não correspondeu. Em mais de dois anos de governo, o petista alimentou muitas expectativas, fez grandes anúncios e propagandeou ações para um Piauí de 1º mundo. Porém, na prática, sua gestão não foi além do feijão com arroz. Rafael faz um governo mais organizado e mais eficiente que o de Wellington Dias. É, digamos, um feijão com arroz melhor, mais consistente, que o seu antecessor.

Entenda-se por feijão com arroz as estradas estaduais bem cuidadas, os pagamentos em dia, grande parte das escolas estaduais equipadas e a maioria dos serviços públicos (não todos) funcionando relativamente bem. Contudo, o Piauí grandioso, inovador e revolucionário que Rafael e os "rafaboys" tanto alardeiam ainda não apareceu, e, em análise simples, conclui-se que não há perspectivas de que apareça em pouco tempo.

Talvez um dos equívocos da gestão de Rafael seja propagandear ações vistas como "do futuro" enquanto o Piauí vive a dura realidade de problemas que nunca se tornam passado e persistem no presente. Do que adianta o Piauí ter a primeira plataforma de inteligência artificial em língua portuguesa do mundo se quase 24 mil famílias piauienses ainda vivem sem energia elétrica em casa? Do que adianta a IA criada no Piauí se o Estado possui o maior número de domicílios sem banheiro do Brasil?

Os investimentos em tecnologia 'para o futuro' são necessários, mas é preciso ter obsessão em resolver os problemas de hoje. O Piauí ainda tem moradores com dificuldade de acesso à água potável no semiárido, um problema secular. Ainda há cidades abastecidas com carro-pipa, na zona urbana. Enquanto isso, no primeiro ano da gestão Rafael só se ouviu falar do Hidrogênio Verde, a matriz energética do futuro.

Rafael gosta muito de falar de futuro (Reprodução/Instagram)

É preciso perceber que nenhuma conquista "do futuro" - se é que esse futuro chegará - vai fazer desaparecer os problemas que o estado não deixou para trás, embora tenha avançado em muitos indicadores desde a década de 1990.

Fará história no Piauí o governante que tirar o estado das piores posições no ranking do analfabetismo, que fizer o estado ser referência em cobertura de saneamento, que garantir água de qualidade e em abundância nas torneiras de todo piauiense, que souber transformar o potencial dos municípios em riqueza para suas populações e que for capaz de deixar no passado atrasos históricos que sempre caracterizaram (e macularam) o nosso Piauí e o seu povo. 

Um futuro revolucionário e inovador só se constrói quando se conhece e resolve os problemas do presente. Sem as entregas grandiosas, cujas expectativas foram geradas, e apenas falando de um Piauí inovador do futuro, Rafael Fonteles não consegue ir além do feijão com arroz. Mas, no entorno dele, muitos auxiliares são crentes de que a gestão é revolucionária tal qual o desempenho que Rafael alcançou na vida acadêmica. Ledo engano.

No Piauí real, a nota está bem longe de ser 10.

Mais de Gustavo Almeida